quinta-feira, 29 de abril de 2010

Pra passar, vão fazer uma limpeza tão grande no projeto Ficha Limpa que ele pode se tornar inócuo


Projeto de iniciativa popular contra corrupção deveria ser votado pela população
Projeto de iniciativa popular contra corrupção deveria ser votado pela população

O Projeto Ficha Limpa que está no Congresso Nacional é na atualidade a mais concreta personificação da democracia representativa brasileira. Primeiro porque é genuinamente de iniciativa popular. Depois porque nasce da preocupação do brasileiro em melhorar o produto final da própria democracia representativa: o detentor do mandato.
 
Depois de passar um ano e cinco meses (desde 2008) na rua, o projeto ficou pronto e agora bate e rebate nos gabinetes, auditórios e plenários da Câmara Federal, como se fosse uma bolinha de squash. 
 
Como foi concebido pelo povo, o Projeto Ficha Limpa não traz o viés pouco altruísta dos que são normalmente sugeridos pelos representantes desse mesmo povo. Porque há uma diferença básica entre o que elege e o eleito: além dos outros, o eleito continua tendo que cuidar de si. E, normalmente, é o instinto de auto sobrevivência que prevalece.
 
Resultado: estão “limpando” tanto o projeto Ficha Limpa que é capaz dele se transformar numa peça inócua. Com fizeram com a lei que torna inelegível os políticos com contas rejeitadas pelos tribunais de contas. Basta um recurso e pronto, por mais rejeição que se tenha, o candidato está pronto para conquistar seu voto.
 
No caso do Ficha Limpa, o objetivo de aperfeiçoar a qualidade dos nossos representantes pode ser comprometida diante de tanta mudança. Originalmente, o projeto chegou sugerindo inelegibilidade para os políticos que tivessem condenação em primeira instância ou até denúncia recebidas por tribuanis em casos de crimes graves e dolosos, como estupros, assassinatos, de crimes eleitorais e de improbidade administrativa.
 
As recorrentes emendas e substitutivos derrubaram de cara a história das denúncias. Depois, foi a vez das condenações em primeira instância pegarem o beco. Agora, já se fala em recursos para condenação em segunda instância.
 
Daqui a pouco, só serão inelegíveis os políticos condenados pelo Tribunal de Haia.
 
Isso é que dá colocar um projeto de iniciativa popular nas mãos de quem, raramente, pensa coletivamente. O ideal é que projetos da natureza popular fossem discutidos e aprovados também do lado de fora do Congresso.

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