quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Sertão e Cariri estão mais quentes


A temperatura média dos centros urbanos da Paraíba aumentou até dois graus nos últimos 48 anos. Este aumento tem sido verificado principalmente nas cidades do Sertão e do Cariri do Estado.
A informação foi repassada ontem, durante o 2º Fórum Paraibano sobre Mudanças Climáticas, realizado na Fiep, em Campina Grande. Em algumas cidades como Patos, onde a temperatura média varia entre 34 e 35 graus, já são registradas máximas de até 37 graus.
O crescimento urbano com a retirada das pastagens, proliferação de prédios e estradas asfaltadas são fatores que contribuíram para a elevação da temperatura nestes centros.
O monitoramente e estudo da elevação da temperatura foi feito pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) nas estações de João Pessoa, Campina Grande, Patos, Monteiro, Areia e São Gonçalo. “Em um estudo de série dos últimos 48 anos, nas seis estações, foi possível constatar que todas elas apresentaram um aumento da temperatura, variando entre um grau e até dois graus.
Essa elevação por ano chegou a 0,7”, informou o meteorologista e coordenador de Desenvolvimento e Pesquisa do Inmet, Fabrício Daniel Silva. Ele acrescentou, ainda, que as de Monteiro, Patos e São Gonçalo foram as que registraram as maiores altas. “Nas estações de São Gonçalo e Patos há um registro de aumento de 1 a 2 graus. Essa elevação é muito prejudicial para agricultura, em especial, pois algumas culturas mais sensíveis ao calor”, frisou.
Um dos motivos apontados pelo Inmet é a redução das áreas da caatinga, substituídas por pastagem. “As pessoas ainda têm essa visão de devastar áreas da caatinga. Essa ação, queimando e expondo o solo a uma grande quantidade de radiação, provoca o aquecimento da superfície, o que acaba refletindo nas medidas da temperatura”, explicou Fabrício.
Ele informou ainda que a temperatura na Paraíba deva continuar registrando aumento, seguindo uma tendência do planeta, em virtude do aquecimento global. O estudo foi feito com análise de séries das seis estações do Estado, entre os anos de 1961 a 2008.
O meteorologista da Agência Executiva de Gestão das Águas do estado da Paraíba (Aesa), Alexandre Magno, contou que as variações foram coletadas por equipamentos chamados ‘Inemetes’ instalados nos centros urbanos.
Segundo ele, a temperatura nestas áreas é maior que nas demais por causa do grande número de construções e carência de vegetação. “O equipamento de João Pessoa, por exemplo, teve que ser mudado de local, porque as altas temperaturas captadas na cidade não condiziam com a realidade de toda a região”, explicou.

Previsão de chuvas para 2010

A partir de hoje começarão os estudos e pesquisas para previsão do tempo do ano que vem. O relatório completo será apresentado amanhã. Durante o evento também estão sendo debatidas problemáticas relacionadas à seca e aos períodos chuvosos na Paraíba.
A meteorologista da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba e uma das organizadoras do evento, Carmem Becker, informou que hoje começarão a ser estudadas as amostras e dados estatísticos para prever a qualidade da estação chuvosa nas diversas regiões do Estado.
O professor do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Marx Prestes Barbosa, falou do processo de desertificação registrado na região do semi-árido paraibano que está em processo de expansão.
Ele também chamou a atenção para a necessidade de ações preventivas em casos críticos como o do fenômeno El Niño na década de 90, quando mais de 20 mil cabeças de gado morreram por causa da seca. “Estamos no período normal de estiagem e as chuvas mais homogenias só começam em fevereiro. As comparações com 2009 só poderemos fazer quando debatermos os dados coletados”.
O professor também observou que em algumas regiões da Paraíba, o solo está envenenado pela proliferação da planta Algaroba. “Há regiões onde não nasce mais nada”, disse.

Giovannia Brito e Marcelo Rodrigo (JORNAL CORREIO)

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