domingo, 4 de julho de 2010

Felipe Melo é recebido com xingamentos


Se em São Paulo o clima era de apoio à Seleção Brasileira, no desembarque dos jogadores no Rio, por volta das 2h, o clima era de revolta. Como esperado, Felipe Melo foi o alvo preferencial dos cerca de 50 torcedores que se concentraram na área no saguão do Aeroporto Internacional do Galeão. Em meio a xingamentos e gritos de “burro” e “vacilão”, o volante foi escoltado por um grupo de policiais militares para conseguir chegar ao carro de sua família e saiu sem dar declarações.
O carro da família aguardava Felipe Melo desde a uma da manhã. Quando finalmente os jogadores começaram a sair, por volta das 2h, o irmão permaneceu a postos, no veículo, e o pai permaneceu do lado de fora. Para conseguir sair, o motorista precisou acelerar e buzinar, a fim de dispersar torcedores e jornalistas em volta do veículo.
Coube ao reserva Gilberto a missão de puxar a fila que enfrentaria, pouco depois de 36 36 horas da derrota para a Holanda, a insatisfeita torcida. O lateral atribuiu a eliminação a duas fatalidades. “Tomamos dois gols de bola parada. A Holanda não fez tanto para vencer o jogo como venceu”, minimizou, sem reconhecer falhas da seleção.
Quem também não viu defeitos no time foi o auxiliar técnico Jorginho. “Não estamos arrependidos de nada. Nós fizemos aquilo que deveríamos ter feito. Mas o futebol não é uma matemática exata”, defendeu-se o braço direito de Dunga, pedindo “bom senso” na hora das críticas. Nem Jorginho nem o supervisor Américo Faria confirmaram a saída de Dunga do comando da Seleção.
Praticamente junto com Felipe Melo _ mas sem serem hostilizados _ surgiram os zagueiros Juan e Thiago Silva. O ex-jogador do Fluminense reconheceu o descontrole emocional no segundo tempo da última partida. “Acho que o emocional pesou principalmente depois que tomamos o gol de empate”, avaliou. O zagueiro revelou ainda que o impacto da derrota para o goleiro da Seleção. “O Júlio César foi o que ficou mais abalado”, disse.
A impressão de Thiago Silva se confirmou quando o camisa 1 apareceu no saguão do aeroporto. Abatido, Júlio César não conteve as lágrimas e, diferentemente do restante do grupo, ouviu palavras de incentivo da torcida. “Acho que em três anos e meio, esse grupo conseguiu resgatar uma coisa sensacional, que foi o torcedor brasileiro curtir a Seleção. Sei que hoje o sentimento da torcida brasileira é de tristeza, assim como o nosso. Acreditávamos muito no hexa”, declarou o goleiro.
O volante Kléberson agradeceu ao técnico Dunga pelo apoio após a derrota. “No vestiário, nós nos abraçamos. Todo mundo emocionado, triste. O Dunga foi um cara muito forte. A gente deve muito a ele pelo carinho que teve com a gente. E a gente fica chateado por não ter dado a ele o título”, disse o jogador do Flamengo.
Quem também ficou no Rio foi o médico da Seleção José Luiz Runco. Com quatro mundiais no currículo, ele destacou o quanto a derrota abalou a grupo. “Com certeza, o povo não vai estar mais frustrado do que a gente, que estava lutando nesses 47 dias para conseguir o resultado”. Runco reconheceu que o camisa 10 do Brasil não estava em boas condições físicas. “O Kaká, se fosse em outra situação, talvez nem jogasse a Copa do Mundo. O trabalho foi muito sério e ele rendeu o que foi possível. Eu diria que ele jogou a 85%”, afirmou.
Por Rafael Lemos

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