Depois de defender descredenciamento dos institutos de pesquisas, o senador Roberto Cavalcanti volta à tona com o assunto e admite que na Paraíba se “errou feio” quanto aos resultados do processo eleitoral. Cavalcanti não cita nomes de institutos. Creio que fez o artigo se dirigindo ao Ibope, mas as suas palavras, querendo ou não abarcam, também institutos como a Consult e Vox Populi, contratos pelo Sistema do qual é dono.
Leia na íntegra
Novo artigo de Roberto: "Mentiras que os números contam"
Dizem que os números não mentem jamais. Isto, claro, é uma mentira. E como verdade costuma ser uma mentira que não se pode desmentir, geralmente a gente escuta e baixa a cabeça quando a matemática está com a palavra. Até porque, verdade seja dita, não é qualquer um que consegue apanhá-la em contradição. É preciso ter familiaridade com o cálculo, conhecer de traz pra frente a estatística, ser íntimo da equação e ter passado uma vida flertando com a probabilidade.
Sem toda essa intimidade, nem adianta começar a discussão. Pois a matemática só será apanhada na mentira quando abrir mão da margem que ela própria estabelece como aceitável.
E foi exatamente isso o que aconteceu no primeiro turno eleitoral na Paraíba e em pelo menos mais seis estados. Os três pontos para mais ou para menos, nem mesmo duplicados, evitariam o flagrante delito constatado na contabilização dos votos. Aliás, aqui se errou (e feio) até quando o voto já havia sido depositado. A pesquisa boca de urna mirou longe do que o TSE apurou, em um dos lances mais escandalosos de equívoco estatístico já visto por estas bandas.
Claro que sempre se pode dizer que os números foram manipulados e, portanto, neste teatro eleitoral a matemática não teve culpa. Foi boneca de ventríloquo de facções.
Aos adeptos das teorias de conspiração, um parêntese: quando os números mentem, todos são prejudicados: os eleitores, induzidos ao erro; os veículos de comunicação, que chancelam equivocadamente as tendências; e os políticos e partidos, que norteiam suas ações por estes dados e, diante do engano, têm que correr atrás do prejuízo.
Os únicos que saem lucrando são os institutos de pesquisa. Construindo ou desconstruindo a verdade, embolsam seus milhões e nunca são responsabilizados. O que deixa patente a necessidade da Justiça Eleitoral entrar neste cenário, motivo pelo estou apresentando projeto de lei no sentido de disciplinar as atividades dos institutos.
O objetivo? Decretar o fim da impunidade a um mercado que abusa da terceirização de suas marcas - uma verdadeira farra de “franchisings”, que passou a vender no varejo e distribuir no atacado a matemática que decide o futuro da nação.
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