quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Disputa pelo título de maior produtor de Arroz Vermelho: Vale do Apodi-RN; ou o Vale do Piancó-PB


Continuam as polêmicas em torno do projeto de irrigação da Chapada do Apodi, encabeçado pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). Dessa vez foi a Prefeitura de Apodi que se manifestou a favor do projeto e contra as opiniões do professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), João Abner, que defende a execução de uma irrigação no vale e não na chapada. Ainda na semana passada, os bispos da Igreja Católica publicaram uma carta mostrando suas preocupações com a população do município que poderia ser prejudicada pelo projeto.
O subsecretário de Agricultura de Apodi, Antônio Eron da Costa, em resposta às colocações do professor João Abner, questionou alguns argumentos do especialista. Para ser contra o projeto está a falta de capacidade hídrica da barragem de Santa Cruz, que só consegue irrigar 2 mil hectares, o que tornaria impossível a irrigação de uma área de 5.200 hectares - previsão apenas da primeira etapa do projeto. "De acordo com estudos técnicos do Dnocs existem demandas e disponibilidades hídricas para atender ao projeto", aponta Antônio Costa.
O professor passa a informação que o distrito irrigado da Chapada do Apodi será para as grandes empresas do agronegócio. O subsecretário explica que apenas 240 hectares dos 5.200 serão destinados aos empresários. São 2.240 para o pequeno produtor, 1.920 para técnico em nível médio e 600 para profissionais das ciências agrárias.

Para João Abner, um dos pontos positivos do Vale é a sua localização, 10 quilômetros abaixo da barragem, posição que poderá oferecer água por gravidade para duas mil famílias. "O Vale do Apodi está irrigado por meio de poços tubulares, amazônicos e a perenização do rio Apodi, que garante aos moradores duas safras ao ano. Somos o maior produtor de arroz vermelho do estado, e o segundo do país, ficando atrás só do vale do Pianco, na Paraíba", descreve a carta. Na visão do subsecretário de Agricultura, os produtores do vale, não estão precisando de água e sim, da imediata implantação de um subsídio para diminuir o custo de produção.

Antônio lembra ainda a dependência dos moradores da Chapada em relação a operação Carro Pipa, coordenada pelo Exército em parceria com a Prefeitura. São 350 caminhões de 12 mil litros de água mensalmente para o abastecimento humano e o produtor ainda tem que pagar o abastecimento para o consumo animal.

"O projeto de irrigação da chapada do Apodi está em andamento como um trem deslizado sobre os trilhos de ferro, cada vagão tem vários desafios. Alguns segmentos que deveriam buscar soluções para resolver e justar uma linha de desenvolvimento sustentável e justa trabalha para descarrilar esse trem.Fica difícil mais não impossível, acredito na capacidade de organização do nosso povo", encerra.

Diário de Natal

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