segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O silêncio que elege



 
Daqui a 100 anos, alguém na Paraíba escreverá sobre política e vai lembrar do primeiro turno das eleições de 2010. A surpreendente vitória de Ricardo Coutinho sobre o governador José Maranhão entra pra história política paraibana não apenas como mais um fato. Entra como um marco.
 
A partir de hoje, se inicia nova era. Uma era onde governantes, sustentando o poder da máquina, da imprensa, de parte da Justiça e de partidos políticos, não conseguem afogar a vontade espontânea do povo.
 
Com uma derrota empurrada de goela abaixo, Maranhão descobriu, com gosto amargo, que nem tudo se consegue colocando preço. Nem tudo está à venda. A partir das eleições de 2010, será possível peitar o invencível. Desde que o povo impulsione.
 
Claro que a vitória ilógica de Ricardo tem base lógica. A aliança que ele fez com o ex-governador Cássio Cunha Lima, somada à resposta que João Pessoa deu, acabou funcionando.
 
E por que não funcionou desde o começo, perguntarão os leitores?
 
Por uma questão simples: o “cassista”, ou o eleitor não-maranhista, teve pouco tempo para criar afinidade com Ricardo Coutinho antes do processo eleitoral. Por isso, a campanha fria, onde os números das pesquisas em favor do ex-prefeito não correspondiam ao “tamanho” de Cássio.
 
Quando se aproximou do dia da votação, esse eleitor se viu na “obrigação” de optar. E optou naturalmente pra Ricardo, reafirmando a divisão política histórica no Estado, mesmo sem alarde, o que explica o silêncio ensurdecedor que tomou conta da campanha na reta final.
 
Vale registrar o mérito de Ricardo de possuir uma militância consolidada que não o deixava cair nas pesquisas mesmo nos piores momentos. Em resumo, Ricardo tinha a base. Cássio chegou com o topo.
 
Vide a vitória de Ricardo nos grandes municípios, a começar por Campina Grande, onde venceu praticamente com o mesmo número de votos que Cássio venceu em 2006.
 
Quanto a João Pessoa, cidade que o impulsionou para a disputa estadual, Ricardo Coutinho obteve a resposta que esperava. E do mesmo jeito do que em 2004. Em silêncio. Só com a vontade de mudar, porque a Capital é oposicionista por natureza. Mas também sabe, como fez com Cícero em 2000 e com Ricardo em 2008, retribuir.
 
Em silêncio, João Pessoa retribuiu. Atendeu ao chamado. Mas não deu escândalo. Queria mostrar que pra eleger não precisa de alarde, assim como para governar não precisa de publicidade.
 
A liderança de Cássio e a vontade de João Pessoa foram as duas instituições que deram a vitória a Ricardo Coutinho e quase o fizeram governador de primeiro turno. Mas foi, de fato, o povo da Paraíba inteira,  que não colocou placa de venda, que mostrou qual a única verdade indelével de uma eleição, para qual não há supremacia absoluta que o voto não derrube.
 
 
Cai Marcelo Weick
 
Já à noite, chegou ao blog informação de que o deputado federal Wellington Roberto (PR), reeleito como o mais votado, vai coordenar a campanha do segundo turno de José Maranhão. A idéia é tornar a função mais ligada a um político. Que é craque no assunto.
 
Cássio pra coordenação do segundo turno
 
Como resposta, já se cogita que o ex-governador Cássio Cunha Lima, eleito com mais de um milhão de votos, assuma a coordenação da campanha de Ricardo Coutinho no segundo turno. E tenha o senador Efraim Morais (DEM), derrotado no processo, como braço direito.
 
Adesões para o segundo tempo
 
As surpresas ficarão agora por conta das adesões políticas. Já tem muita gente sendo contactada. E outras procurando espontaneamente. Elas devem modificar o quadro político atual.
 
Nova eleição
 
Para o segundo turno, é bom registrar que se inicia uma nova eleição. Os atores são os mesmos. Mas as expectativas de poder já não são. Ricardo Coutinho entra mais confiante, uma vez que tem a seu favor a prerrogativa de dizer: “Vai dar certo”. Maranhão entra se perguntando “O que foi que houve?”. Ao demorar-se muito nesse questionamento, já verá Ricardo Coutinho conversando com os prefeitos que pediam benção na Granja Santana.
 
 
Fôlego nos pequenos
 
Do ponto de vista eleitoral, o governador José Maranhão revelou fôlego invejável nos pequenos municípios e nos rincões mais longíquos da Paraíba. Em Bernadino Batista, por exemplo, teve 95% dos votos. O que comprova o fato de ter chegado empatada com Ricardo, apesar de ter perdido feito em João Pessoa, Campina Grande, Bayeux, Santa Rita, Guarabira, Solânea, Patos, Cajazeiras e Sousa.
 
Sem novas fugas
 
Agora, Maranhão vai para os debates com Ricardo Coutinho até em escola de surdos.
 
João Pessoa declarou amor ao Mago
 
Foram 59% dos votos válidos. Cerca de 21% a mais do que José Maranhão em João Pessoa: se por algum momento Ricardo duvidou do amor da Capital por si, está na hora de reavaliar.
 
Cássio e Campina: transferência comprovada
 
Campina Grande, como em toda eleição, rouba a cena. Ricardo teve 130 mil votos na cidade, quase a mesma quantidade que Cássio Cunha Lima obteve em 2006. Além disso, foi a única cidade da Paraíba onde José Serra (PSDB) teve mais voto do que Dilma Roussef (PT) na disputa pela presidência. E o senador Efraim Morais (DEM) mais do que Vitalzinho (PMDB).
 
Homem do milhão
 
Cássio Cunha Lima vai para julgamento do registro de candidatura no Tribunal Superior Eleitoral com selo de um milhão e quatro mil votos. Um argumento e tanto.
 
Santiago: maior do que entrou
 
Pela pujança eleitoral que demonstrou, o deputado federal Wilson Santiago, mesmo amargando derrota, sai vitorioso dessa campanha.
 
A verdade sobre Efraim
 
O senador Efraim Morais cometeu um pecado mortal. Achou que estava eleito somente porque tinha o melhor Guia Eleitoral da campanha e porque estava colado com Cássio Cunha Lima. Perdeu não por causa das denúncias de fantasmas ou coisa parecida. Perdeu quando deixou de ser candidato.
 
A verdade sobre Efraim II
 
O signatário deste blog percebeu que faltou a Efraim a necessidade de fazer política quando viu mais de três pessoas declararem rejeição ao democrata em pleno jantar de adesão de Cássio. Todas chateadas por falta de acordos políticos.
 
Aliança mantida
 
Agora, cabe ao senador do DEM lutar para eleger Ricardo Coutinho, que já o considera hoje como “companheiro” e em nome do qual se solidarizou com o resultado. Efraim Morais precisa, até por sobrevivência política, de Ricardo governador.
 
Efraim na campanha
 
O bom sinal é que o deputado federal Efraim Filho, filho do senador, já postou nota no twitter agradecendo os votos que obteve para ser reeleito e anunciando que vai lutar agora pela reeleição do Mago.
 
Nasce um novo fenômeno
 
Com mais de 60 mil votos, o mais novo deputado estadual da Paraíba, Toinho do Sopão (PTN), vira o fenômeno dessa eleição. Como diria um amigo, suas principais lideranças políticas são o “osso”, a “verdura”, a “carne”... Resta saber como vai se portar no mandato. Tem que agir com cuidado para não se transformar numa sensação de um só mandato, como já vimos muitos por aí.
 
Os “prefeitáveis”
 
As eleições de 2010 já revelaram uma nova levada de “prefeitáveis”, candidatos com credencial para disputar as eleições municipais de 2012. Em especial, às prefeituras de João Pessoa e Campina Grande. Eleitos federais com votação significativa, Manoel Júnior (PMDB), Ruy Carneiro (PSDB) e Luiz Couto (PT) aparecem na lista para disputa da prefeitura da Capital. Romero Rodrigues (PSDB), eleito federal, Daniella Ribeiro (PP) e Guilherme Almeida (PSC) para Campina Grande.
 
Pesquisas criminosas
 
Os institutos de pesquisa se revelaram nesta campanha, mais do que nas outras, verdadeiros mensageiros da inverdade eleitoral. Os donos deveriam ser presos, sob a promessa de liberação apenas em caso de deixarem de mentir. O que sugere prisão perpétua.

Um comentário:

  1. COM CERTEZA A paraíba soube dar sua resposta nas urnas enguanto josé maranhão seguia inpusionamente ganhando nas cidades peguenas ricardo COUTINHO não ficava atraz com avitória surpreendente nas maiores cidades essa é a certeza de gue a PARAÍBA guer mudar e não importa gue gueiram comprar seus VOTOS aparaíba SABE VOTAR E COM CERTEZA NESSE SEGUNDO TURNO NÃO VAI SER DIFERENTE .

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