terça-feira, 20 de setembro de 2011

Nos 5 anos da morte de Padre Zé, um alerta: a mais importante obra social deixada por ele pode desaparecer

Este 19 de setembro é data do aniversário de cinco anos da morte do monsenhor José Sinfrônio de Assis Filho, carinhosamente tratado como Padre Zé. E, embora o avançar do tempo, sua memória continua viva em cada uma das muitas obras que deixou em Itaporanga, onde atuou por meio século, entre as quais o colégio Diocesano, a banda filarmônica, a gráfica, o Cristo Rei, as pastorais e incontáveis lições de intelectualidade, caridade e fé.
No entanto, uma das mais importantes obras de ação social deixadas por Padre Zé não está funcionando com a amplitude que deveria, embora todo esforço das valorosas voluntárias que estão lá desde o início, ou seja, não recebeu os investimentos necessários pelos padres que o sucederam: a Casa do Menor São Domingos Sávio funcionava no local onde hoje é a residência paroquial, mas foi transferida para um imóvel afastado do centro e não muito adequado para as atividades.

A Casa do Menor saiu do local onde funcionava exatamente para dar lugar a uma grande e confortável morada sacerdotal, com um possante carro na garagem. Tempo bem diferente da época do monsenhor Sinfrônio, que se abrigava precariamente dentro de uma sala do ginásio como forma de economizar recursos para tocar as obras da Igreja, como diz uma estrofe do cordel A chegada de Padre Zé ao Céu, editado pela fundação José Francisco de Sousa:

A caridade foi sua guia

Nos dias mais delicados

A cada seca bravia

Acolhia os flagelados

No vão santo de sua asa

A pé, vencia as paradas

Deu aos outros muitas moradas

Mas nunca teve uma casa.


A São Domingos Sávio acolhe e dá instrução artesanal, artística e intelectual a crianças e adolescentes pobres, especialmente àqueles em risco moral e social. Uma obra fundamental para a Itaporanga de hoje, quando a degradação familiar bota nas ruas muitos meninos e meninas carentes de apoio para não caírem na marginalidade e na prostituição.

O projeto deveria ser ampliado e ganhar uma sede própria e adequada para suas atividades. Para isso, poderiam ser utilizados os recursos angariados na festa da Padroeira, que o ano passado arrecadou mais de 110 mil reais, e este ano deve alcançar mais uma expressiva soma; no entanto, a impressão que se tem é que os tempos de uma Igreja empreendedora e solidária desapareceram há exatamente meia década, como narra o cordel:

19 de setembro, o dia

Dois mil e seis foi o ano

O sino em agonia

12, hora do desengano

E enquanto os rebanhos seus

Aqui na terra choravam

Festões se realizavam

Dentro da casa de Deus.


Esta segunda-feira é ponto facultativo em Itaporanga, e as repartições públicas e parte do comércio não abriram. Para marcar a data, a igreja local, preparou alguns eventos em memória de Padre Zé: visita ao Cristo Rei, onde o sacerdote está sepultado, repicar de sinos, missa solene e retreta com a filarmônica Cônego Manoel Firmino, na Praça da Matriz. Foto (Marcos Oliveira): em uma de suas últimas imagens, Padre Zé contempla, da sala onde se abrigava, uma de suas criações: o Cristo Rei. 

 

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