sexta-feira, 2 de abril de 2010

Segurança pública: um caso de polícia


Criamos um ambiente adequado para o crime
A onda de revolta que eclode nos quartéis da Polícia Militar na Paraíba nos obriga a uma urgente reflexão. Quando a própria polícia vai a público para dizer-nos das dificuldades que enfrenta para exercer sua missão é porque atingimos o pior nível de avaliação das instituições de segurança pública.

Ora, caros leitores, é a Polícia, neste caso, que está dizendo à população que não tem condições de protegê-la da criminalidade. Não é a oposição, nem a imprensa, nem muito mesmo a sociedade.
É a própria polícia. Quem poderá questionar alguém que reconhece a própria deficiência?
O natural é que os policiais façam motins por melhores salários. Mesmo que melhores salários resultem em maior estímulo para o trabalho, no final das contas, reivindicar reajuste acaba sendo uma luta para melhorar a própria vida.
Mas protestar pela falta de aparelhagem, de ausência de qualificação e precário armamento é reconhecer a incapacidade de fazer frente à criminalidade. O governo pode contestar a oposição. Ignorar (ou comprar) a imprensa. Enganar a população com a propaganda. Mas nenhum governo que se preze, que se preocupe efetivamente com a sociedade, deve ficar impassível diante desses apelos.
Em Campina Grande, oficiais entregaram os cargos em face à precária condição de trabalho. Em João Pessoa, mais de cem viaturas estão paradas porque se policiais se recusam a enfrentar a rua sem qualificação.

Na última quarta-feira, um policial foi atingido durante um seqüestro que movimentou a orla da Capital após sua arma “falhar”. A arma falhou porque é reflexo das falhas que regem nossa segurança pública. Por ela, policiais se recusam a irem às ruas.

Uma procuradora aposentada do Estado foi assassinada ao meio dia. Uma família ficou refèm por horas de dois bandidos. A secretária de Comunicação do Estado teve o carro roubado.

Criamos, portanto, um ambiente propício para assaltantes, homicidas, estupradores e outros criminosos. E, lamentavelmente, não podemos usar a máxima que diz: “Se não pode vencer o inimigo, junte-se a ele”.

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